Sonho Acaboclado.
Olha só quem apareceu em meu sonho;
musa acaboclada de olhos divinamente em tom de mel
seus cabelos são como cordas bem trançadas de cristais
escorrendo feito seiva em estado de melaço.
Debruçados sobre ombros bem tratados
Mais parece...
Duas colinas, com um rosto endeusado no meio.
Me rendi ao tom de voz alvoroçado dos seu seios
a me gritar:
“é um assalto!” Com o dedo deles bem mirado nos meus lábios
Torneei o meu olhar meio incrédulo e deslizei na belezura incomparável
Tolim tolim ! ah! Se dona sorte te pega atracado nesse sonho!!!
Vai ser pisa sem medida C’uma fita de cetim.
É olhar que perde em devaneios,
É pensar que se acha o bem maior,
É a sorte da sorte dos sortudos
É enfim o querer mais abelhudo.
É capricho de cabra caprichoso.
É frouxice de moço atoulado.
É desejo...
É piada...
É só um sonho.
Que a gente nem por sonho
Pretende ser acordado.
Mas veja bem como é um caboclo mais flechado!
De repente dona sorte me aparece.
E como quem não quer nada e já querendo...
Me balança e desperta do meu sonho
E me acorda e me faz um mal medonho
Desses maus que se sente sem querer
E a cabocla de :”olhos divinamente em tom de mel”
Só mais tarde outro dia , em outro sonho hei de ver ...
O.B. 04.05.10
Vida e Morte...
A vida da morte se faz.
Tudo que é vivo,da matéria morta se alimeta.
Assim vida e morte se atrem.
Como um piano , não dá tom o preto sem o branco.
É ... A morte é o alimento da vida.
Vida que morre e ressurge da morte que em vida surge.
No mais negrime abstrato neste paradóxo exato.
É tal como flor estercada das folhas mortas aos seus pés,
Assim é a morta vida
Que ao desfalecer refaz na vida eterna guarida.
Somos partes duma incógnita
Será que a vida explica se há morte após a vida?
Para que viva a alegria mais uma tristeza morre
Morre o sonho e alimenta a realidade que acode.
Uma a outra alimenta se acarinham,e se abraçam.
Num ritual tão sagrado que uma a outra esquenta
São partes que se completam , são opostos que se atraem
Uma se alegra por vir e a outra quando se vai.
É a raiz que se entranha , e o verbo que se estranha
É lenço branco que flameja e leva gravado em letras
Os contos de velhas vidas que se mata em forma lenta
Assim como a saudade , a distancia , a LUNJURA!
E entre outras criaturas....
A voz do mísero poeta.
É ... assim é a vida e a morte
Companheiras aladas a mercê da própria sorte.
O. B. 05 . 05 .10
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